O Algarve às Sextas (2012.04.20)
Algarve, Grande Bretanha, Alemanha, Golfe e o Mercado, Pá?


Este post é mero esboceto, redigido com a intenção de suscitar análise sobre as vias que nele abrimos. A questão é:

·          na actualidade, como pode a nossa intervenção na Procura/Oferta de Turismo ganhar com um brevíssimo percurso sobre a evolução dos mercados da Grande Bretanha e da Alemanha, mais o do Golfe?

O tema é importante para o Algarve, destino da Viagem de Estadia. No Período do Após Crise de 2008/2009, o essencial da Procura continua a formar-se à distância do voo de curto e médio alcance. Este facto limita-nos à Europa, onde as economias nacionais conhecem evoluções diferentes e que não podemos ignorar.
A leitura deste Post é acompanhada pela consulta do Documento de Trabalho que o apoia: https://docs.google.com/open?id=0B9yEd1P9CtlCQlJrN1JjemQ2Y1k


Þ     Quando a Grande Bretanha Lidera as Viagens Internacionais na Europa
Desde o início do caminho-de-ferro até ao virar das décadas de 1970/1980, a Grande Bretanha lidera as viagens internacionais na Europa. É onde há mais rendimento disponível e tempo livre, factores indispensáveis à formação da procura.

A agência de viagens Thomas Cook acompanha todo este processo. Nasce e cresce com a afirmação da liderança económica e política da Grande Bretanha.

A partir da década de 1950, a Thomas Cook não participa na criação e afirmação da inovação que revoluciona o viajar na Europa: o Holiday Package, em cadeia de voos fretados. Como muitas vezes acontece, a inovação é obra de empreendedores, vindos de fora do sistema.

Esta inovação é europeia e adaptada a Geografia Física e Humana da Europa. Não a encontramos nos outros continentes em que a viagem de estadia se desenvolve.

Þ     Quando a Alemanha Assume a Liderança e Tudo Acaba na Bolsa de Londres
Quando a Alemanha Ocidental recupera da Guerra e se desenvolve, assume a liderança das Viagens ao Estrangeiro, que antes era da Grande Bretanha.

Nesta dinâmica, há dois Operadores Turísticos que se afirmam: TUI e Neckermann. Uma vez reunificada, a Alemanha vê reforçada a sua liderança e a dos seus Operadores Turísticos.

Passam anos. Em 2001, a aquisição da Thomas Cook, pela Neckermann, assume dois aspectos:
·          consequência da liderança da já afirmada e reconhecida liderança da Alemanha
·          parte de nova dimensão na consolidação dos Operadores Turísticos. 

Desde cedo, a actividade de Operadores Turísticos conhece consolidação rápida e intensa, no seio de cada um de vários países. A aquisição de 2001 é já parte da consolidação à escala europeia. Esta é dinamizada pelos dois operadores dominantes na Alemanha: TUI e Neckermann, que, em 2001, adopta a marca Thomas Cook.

O destaque dado à Thomas Cook, não pode escamotear outra história fascinante, mas diferente: a da formação da actual TUI Travel.  

Nesta consolidação que extravasa a Europa, há um facto significativo: ambas as empresas estão hoje cotadas na Bolsa de Londres. Ficamos gratos, porque esta circunstância facilita o acesso a informação que, em empresas privadas, no sentido de “não cotadas em bolsa” ou do Estado Português, seria confidencial. 

Þ     Como a Evolução do Número de Jogadores de Golfe Nos Obriga a Pensar
Em toda esta evolução, abrimos uma fresta sobre a e evolução recente (1985/2011) da prática do Golfe em alguns países da Europa – o Gráfico no Documento de Trabalho ilustra o caso da Inglaterra, Escócia, Irlanda, Holanda e Alemanha. O Gráfico 1 ilustra esta evolução.

Gráfico 1 - Evolução do Número de Jogadores de Golfe em Diversos Países da Europa


Fonte: Elaboração própria, com base em European Golf Association
Constatamos
·          uma estabilização ou ligeiro decréscimo em Inglaterra e Escócia ,
·          um crescimento sustentado na Alemanha e Holanda (coincidência ou não, países cuja Dívida Pública tem o triplo A)
·          ligeiro crescimento na Irlanda, com queda nos últimos anos.

Nestes países, com destaque para a Alemanha e Holanda, há uma evidente adesão das classes médias à prática do golfe. Esta evolução social e crescimento sustentado do número de jogadores é situação de que o Golfe do Algarve deve tirar partido – é sempre bom vender num mercado em expansão.

Þ     e o Mercado, Pá?
Este Post nasce da análise da evolução da prática do Golfe na Holanda e Alemanha e do potencial que representa para o Golfe do Algarve, onde a Grande Bretanha tem, desde a origem, papel dominante.

A realidade da Europa deve ser tida em conta pelo Marketing da Oferta de Turismo da Região. O Euro reforçou uma evolução que nos obriga a começar a Segmentação Geográfica do Marketing Estratégico pelos Países onde se localizam os aeroportos de partida dos turistas, e só depois, considerar a catchment area dos aeroportos. O raciocínio não se limita ao Golfe, mas alarga-se a toda a Oferta de Turismo do Algarve – a que existe e a que tem de se criar ou adaptar às exigências destes mercados.

Recusamos o medíocre “queremos turistas ricos” do Algarve de há anos, mas respeitamos a Regra de Ouro da Viagem de Estadia:
·           a sucesso do Destino onde se desenvolve a Oferta começa por depender da prosperidade das áreas onde se forma a Procura.
Esta regra é geral para o Viajar. Destinos da viagem Cultural e Urbana, como Lisboa, beneficiam de posicionamento intercontinental, a que o Algarve não pode aspirar (salvo algum Golfe). Aí, a Regra de Ouro condiciona tudo.

Sobre o posicionamento de Portugal e do Algarve no mercado da Alemanha, já dissemos o essencial em dois Posts
Alemanha – Mercado Prioritário Para a Oferta de Turismo de Portugal
Procura dos Turistas Alemães em 2011 – Factos

Nos mercados da Holanda e Irlanda, a démarche é a mesma, mas parece já haver uma Imagem de Marca Algarve, a reforçar para estruturar o Marketing & Vendas, que urge implementar.


A Bem da Nação

Albufeira 20 de Abril de 2012
Sérgio Palma Brito

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