Mercado Emissor do Reino Unido e Portugal – Enquadramento


Este post é o segundo de uma série de oito (I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII) sobre a Procura pela Oferta de Turismo de Portugal no Mercado Emissor do Reino Unido com base no International Passenger Survey (Aqui).
A série de posts encerra com uma Síntese e a edição PDF da versão adaptada de todos os posts, ambas a publicar brevemente. Sugerimos a leitura prévia da Introdução à Série ( I).
 

O leitor deve estar informado sobre os Princípios Gerais do blogue (Princípios).

No presente post

-observamos a evolução das deslocações ao estrangeiro por residentes no Reino Unido e sua repartição por motivo, macro destino e meio de transporte.

-consideramos o período entre 1960/2010, mas o essencial da observação reside nos anos de 1999 a 2013,

-abrimos uma janela para a observação de dormidas e despesa durante as deslocações.

 

*Evolução das deslocações entre 1960/2010
O gráfico 1.1 ilustra meio século de evolução das deslocações ao estrangeiro por residentes no Reino Unido e sua repartição pelos três segmentos mais importantes: motivo holiday, macro destino Europa e transporte em avião. Finda a II Grande Guerra,

-as deslocações ao estrangeiro por residentes no Reino Unido recomeçam a partir de zero no início dos anos 50, crescem de maneira sustentada até estabilizarem/declinarem na década de 2000.

Gráfico 1.1 – Deslocações entre 1961/62 e 2010 – quantidade
(milhares)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

O gráfico 1.2 ilustra a evolução dos segmentos motivo holiday, macro destino Europa e transporte em avião, em percentagem do total de deslocações:

-o crescimento da parte do transporte em avião é evidente e conhecida,

-a diminuição da parte de deslocações de holiday resulta do crescimento estrutural de deslocações poe motivo business e, mais recentemente, por motivo de visita a familiares e amigos,

-a diminuição da parte de deslocações para Europa resulta do aumento da parte de deslocações para ‘outros continentes’, tema que justifica post específico.

Gráfico 1.2 – Deslocações entre 1961/62 e 2010 – percentagem
(percentagem)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

Em 2013, o mercado emissor do Reino Unido representa 58,5 milhões de deslocações ao estrangeiro. A estabilidade das deslocações durante a década de 2000, identificada no gráfico 1.1, parece resultar do mercado ter atingido a maturidade. O gráfico 1.3 mostra que na realidade, o número de deslocações:

-entre 1980/2005, continua o crescimento sustentado iniciado em 1961, mas estabiliza entre 2006/2008,

-entre 2008/2009 tem queda brusca, consequência directa da Crise, a que se segue alguma recuperação entre 2009/2013.

Gráfico 1.3 – Mercado do Reino Unido – deslocações (1980/2013)
 (milhares)


Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

O Gráfico 1.4 ilustra evolução do índice das deslocações entre 1999/2013 e completa a informação do gráfico anterior. Com efeito,

-a queda entre 2008/2009 continua em 2010 com índice a voltar a valores de 1999/2000,

-entre 2010/2013 o índice tem ligeira recuperação, mas apenas atinge valores de 2002.

O Reino Unido, por mérito próprio e por ocupar ilhas, dispõe de números fidedignos sobre turismo emissor e pouco influenciados por estadias de uma noite. Ignoramos se outros mercados evoluem segundo o mesmo padrão: queda brusca com a crise seguida de recuperação anémica.

Gráfico 1.4 – Mercado Reino Unido – índice das deslocações (1999/2013)
(1999=100)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações por motivo
O IPS considera quatro motivos da deslocação, miscellaneous que é residual e três importantes: holiday, business e visiting friends or relatives. O gráfico 1.5 ilustra evolução de deslocações por motivos entre 1980/2013, com as deslocações

-por holiday a seguirem o padrão de evolução de todas as deslocações [ver gráfico 1.3],

-por business a parecerem subavaliadas,

-por VFR a serem ainda pouco importantes, mas a crescerem de maneira sustentada desde a década de 1990 [VIII].

Gráfico 1.5 – Deslocações segundo o motivo (1980/2013)
(milhares)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

O gráfico 1.6 ilustra o índice de deslocações por motivo entre 1999/2013:

-o de holiday cai 15,4% entre 2008/2009 e em 2013 é inferior ao valor de 2009,

-o de VFR cai 12,8% entre 2008/2010 e em 2013 supera o valor de 2008,

-o de business cai 22,8% entre 2008/2009 e em 2013 tem o valor de 1999.

Gráfico 1.6 – Índice das deslocações segundo o motivo (1999/2013)
(1999=100)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações por macro destinos
O IPS considera deslocações segundo três macro destinos: Europa, América do Norte e Outros. Em 2013, as quotas de mercado são, respectivamente, de 78.5%, 5.8% e 15.7%. O gráfico 1.7 ilustra a evolução destes grandes destinos entre 1980/2013:

-a Europa domina e segue padrão de evolução já identificado [gráfico 1.3],

-Outros Países cresce de maneira sustentada desde a década de 1990 e ultrapassa a América do Norte no início da de 2000.

Entre 2008 e 2013, a quota e mercado da Europa diminui de -0,4%, a da América do Norte diminui de -0,9% e a de Outros aumenta de 1,3%. Esta evolução é pertinente porque indicia queda da quota de mercado da Europa. 

Há dois casos a analisar: que países explicam o crescimento de Outros? e como explicar a descida da América do Norte?

Gráfico 1.7 – Deslocações por macro destinos (1980/2013)
(milhares)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

O gráfico 1.8 ilustra o índice de deslocações por macro destino entre 1999/2013 e suscita três comentários:

-entre 2008/2009 o índice da Europa cai de 125 para 105, desce a 98 em 2010 e recupera para 105 em 2013, o valor de 2001,

-entre 2008/2009 o índice da América do Norte cai de 98 para 77 e atinge 72 em 2013, ainda 16 pontos abaixo do mínimo pré crise de 88 em 2003,

-depois de subida sustentada desde 1999, o índice de Outros Países cai entre 2008/2009 de 180 para 163 e atinge 166 em 2013.

Gráfico 1.8 – Índice das deslocações por macro destinos (1999/2013)
(1999=100)

 

Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações segundo o meio de transporte
O IPS considera três meios de transporte: aéreo, marítimo e túnel. Em 2013 a quota de cada um é, respectivamente, de 79.6%, 12.3% e 8.5%. O gráfico 1.9 ilustra a evolução entre 1980/2013 das deslocações por meio de transporte:

-o transporte pelo túnel parece ter conquistado tráfego ao transporte marítimo e não ter influenciado a evolução do transporte aéreo,

-o transporte aéreo segue o padrão da evolução do motivo holiday e do macro destino Europa.

Gráfico 1.9 – Deslocações segundo meio de transporte (1980/2013)
(milhares)


Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

O gráfico 1.10 ilustra a evolução entre 1980/2013 do índice das deslocações por meio de transporte:

-depois de crescimento sustentado, o índice de transporte aéreo estabiliza entre 2006 e 2008, desce de 149 para 124 entre 2008/2009, acentua a queda em 2010 para 115 e recupera em 2013 para 124, valor inferior ao de 2003,

-em 2013 o índice do túnel atinge 81, acima dos 69 do transporte marítimo (ferry), mas em valor o túnel ainda está abaixo – 4.798 milhares de deslocações contra 7.166 do ferry.

Gráfico 1.10 – Índice das deslocações segundo o meio de transporte
(1999=100)


Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

*Deslocações para a Europa, por holiday e por avião
Os segmentos Europa, holiday e por avião são os mais importantes em si e para o destino Portugal. O gráfico 1.11 ilustra a evolução das deslocações para cada um destes segmentos em quantidade, e o gráfico 1.12 a evolução em índice. O resultado da observação dos dois gráficos não surpreende:

-uma evolução similar em quantidade, mas na qual o transporte aéreo é driver do crescimento.

Gráfico 1.11 – Deslocações dos segmentos Europa, Holiday e Avião (1980/2013)
(milhares)

 
Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

Gráfico 1.12 – Índice das Deslocações do segmento Europa, Holiday, Avião (1999/2013)
(1999=100)


Fonte: Elaboração própria com base em Office of National Statistics – International Passenger Survey

 

A Bem da Nação

Lisboa 10 de Novembro de 2014

Sérgio Palma Brito

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